Torno-me transparente, ou assim desejo. Por nada em especial, apenas por acaso, por mero acaso. Fecho os meus olhos e ouço a chuva cair. Bem lá no fundo sonho com um mundo sem ninguém, onde apenas estou eu.
Agora estou lá fora, corro que nem uma louca, corro e mais . . . Corro! Quero cansar-me até à exaustão. Quero sentir aquele aperto no coração, aquele respirar ofegante, aquela falta de ar. Quero sentir as gotas de água a caírem em cima de mim, a molhar o meu cabelo. A ensoparem-me.
Preciso de me sentir viva
Corro . . . Vou até ao mar, nada me separa, molho os pés estes já encharcados da tempestade. Entro, sinto a água gélida. Se isso me faz parar? Não, continuo. E assim num mar turbulento, fico. Observo, como sempre faço, o horizonte. Peço a alguém lá bem longe:
"Leva-me Contigo."
Ouço uma voz, chama por mim . . . De repente a chuva deixa de cair, a água deixa de estar gélida, a praia começa a desaparecer numa nuvem primeiramente cinzenta, começando ao longo do tempo a escurecer. . .
Agora tudo preto.
Estava a sonhar, foi uma voz de fora que me chamou.
Abri os olhos com muito custo e deparei-me com isto.
Há problemas que não são problemas!