Podia acusar-te de demência, de desprezo, de simplesmente desistires por coisas simples. Podia simplesmente desistir de pertenceres-me, de querer-te em mim como um só. Podia simplesmente ignorar-te, viver sem ti, não querer saber.
De vez em quando não gosto de estar contigo, assustas-me, assim sem mais nem menos. Um dia, vi-te e joguei-te fora sem qualquer piedade nem culpabilidade. Não gostava de ti. Perseguiste-me da pior maneira, envolvias os meus sonhos com a tua intranquilidade. Afinal quem eras tu? O que querias? Para mim, eras incompatível comigo...
Aceitei-te, abri um pouco a mão, o meu coração. Vá, podes morar um pouco comigo. Fizeste-me descobrir algo, fizeste-me aprender. És difícil, difícil de controlar e lidar. Estás cá dentro mas muitas vezes ficas por ai. Eu sei, desta vez a culpa é minha. Mas o que é que queres? Não gosto de mostrar tudo ou talvez aquilo que devia mostrar para me sentir melhor. Não te preocupes eu aprendo, aprendo porque contigo é uma constante aprendizagem.
E é assim, frequentemente deixas-me no limite, não sei o que fazer, enches-me a cabeça de problemazinhos que se tornam assim enormes. Deixas marcas de todas as maneiras possíveis mas esses momentos ficam só nossos. Se precisas de manual de instruções? Acho que não, eu consigo.
Inevitavelmente, tu és eu.
Eu percebi, fiquei mais descansada, vou confiar mais e não ter medo. É impressionante como me tornei receosa de estar com os outros, de abrir-me e não ser transparente. O medo de todos se irem embora assim do nada, daí por vezes a minha distância.
Vamos continuando.