Após a extensa tarde, de um lado para o outro na baixa, fui para a estação e pedi o bilhete para o próximo comboio. Esperei, sentada, pelas 4h20... De um lado para o outro as pessoas vinham, umas apressadas, outras nem tanto. Estavam também lá jovens da minha idade, de mochilas às costas, pranchas de surf, iam acampar... Não eram de cá, vinham do norte. Se me apetecia isto? Nem pouco mais ou menos, lá fiquei no meu mundo... Dirigi-me, quando eram já horas, para a linha três e entrei na primeira cabine. Sentei-me e olhei em frente. Lá estavas tu... Despertaste logo a minha atenção pois, no teu colo, possuías um caderno, estavas de lápis na mão, pensativo preenchias páginas com a tua escrita. Nessa altura desejei ir ao pé de ti e perguntar-te o que tanto escrevias... Olhavas para qualquer lado, como se procurasses respostas ou inspiração, depois concentravas-te novamente no caderno... Eras mais velho que eu mas durante alguns instantes observei-te. Estavas sozinho e isto parecia ainda te preencher e iluminar. Não sorrias, mas pelos cantos da tua boca notava-se um leve sorriso. Num momento levantaste-te e foste á janela, afias-te o lápis lá para fora...
Enfeitiçaste-me e deixaste-me tranquila... Pensei para mim: "Afinal ainda existem!"